Desenho erótico de João Cutileiro, arte popular de Júlia Ramalho ou Júlia Côta, escultura em bronze de Margarida Santos, fotografia de Lauren Maganete, pintura de Vitor Costa, entre outros. A Baixa ganhou um novo espaço onde Miguel Vieira Duque diz que quer explorar uma vertente que não é a de galerista mas a de merceeiro de arte. Inaugura dia 30 de Março, às 16h, a Vieira Duque – Galeria de Arte e Cultura, no nº 1 da Adro de Cima, junto à Igreja de São Bartolomeu.
A ideia é as pessoas ao passarem entrarem facilmente, tal como fazem numa loja de souvenirs ou de artesanato, disse-nos Miguel Vieira Duque, responsável pela gestão artística da nova galeria. Queríamos que o interior tivesse uma certa intimidade mas que não afugentasse, pelo contrário, que convidasse as pessoas, sejam elas quem forem, daí o mote A Urbe e a Génese, continuou. Conservador da Fundação Dionísio Pinheiro, em Águeda, Miguel é natural de Anadia mas vive há 17 anos em Coimbra, onde trabalhou na antiga casa comercial Marthas, na mesma zona da cidade. O curador diz que sente que a Baixa precisa de gostar mais dela própria para ser mais atractiva, sobretudo os comerciantes.
Somos muito conservadores e o que se pensava há 20 ou 30 anos mantém-se, ouço as pessoas a queixarem-se do mesmo e os comerciantes que trabalham na Baixa a dizer que é perigosa e outras coisas. Vieira Duque diz que Itália, onde diz que estudou, é um exemplo, entre outros na Europa, onde em qualquer zona histórica se encontram lojas que vendem arte, onde vamos vendo e conhecendo, mesmo que não queiramos comprar nada. O curador diz que, em Coimbra, o público acha que não tem acesso e há uma ideia muito elitista da arte, por isso gostava de ver a admiração das pessoas ao constatarem que, afinal, também podem ter arte lá em casa.
Há peças de 44 artistas portugueses à venda na galeria – do muito naïf ao muito clássico e do óleo às técnicas mais experimentalista -, arte que, não sendo de bolso, é transportável, segundo Vieira Duque. Ou seja, feita pelos autores em diversas dimensões ou com materiais mais económicos e sem moldura, de forma a não terem preços proibitivos e serem fáceis de levar, sobretudo no caso dos turistas. Os preços vão dos 10€ aos 20.000€.
“Seria bom provar que, tão essencial como comer, é também consumir uma tela. E encontrar na galeria pessoas que explicam a diferença entre as obras, como quem explica a diferença entre um pão de água e um pão da avó na padaria.”
Miguel Vieira Duque
O curador e o proprietário, Paulo Marçalo, também fizeram um esforço por reduzir as despesas do próprio espaço, de forma a não serem obrigados a cobrar comissões demasiado altas aos artistas. Não concordo em absoluto e é um dos maiores problemas para os autores, até porque não se equaciona a produção intelectual.
Aberta todos dos dias, excepto ao Domingo, a galeria pretende ser um sítio onde podem descobrir arte, comprar ou apenas descobrir artistas e técnicas, sem preconceitos. Há arte mais e menos comunicativa, às vezes um autodidacta sobrepõe-se ao académico por causa disso, porque comunica melhor, e aqui há de tudo, disse-nos o curador, orgulhoso das obras tanto quanto da experiência de conviver com todos os autores. A ideia também é, futuramente, albergar apresentações de projectos editoriais e musicais através de parcerias.
30 MAR | INAUGURAÇÃO | VIEIRA DUQUE – GALERIA DE ARTE E CULTURA
Adro de Cima, 1 – Coimbra
Site oficial | Facebook
Horário: 2ª – 6ª | 14h – 20h
Sáb | 10h30 – 20h
Contactos: 969754492 | miguel@vieiraduque.pt
Gostava muito de expor ao alguns quadrinhos meus.
Logo que possa vou fazer uma visita.
Parabéns muito êxito.