Impossível passar e não reparar. Mais do que isso, não perguntar: quem é? Quem fez? O mural que chama todas as atenções nas escadas de São Bartolomeu, na Baixa de Coimbra, foi fruto do FIO |Memórias Como Matéria-Prima, um projeto da Câmara Municipal de Coimbra feito pela Mistaker Maker, que é uma plataforma de intervenção artística.
Foi levado a cabo no ano de reabertura do Convento São Francisco, em 2016, e consistiu na pintura de rostos de pessoas ligadas à Fábrica de Lanifícios de Santa Clara em vários espaços da cidade, localidades vizinhas e no interior do Convento. O homem no mural é Jayme Planas Coronellas, fundador da Fábrica de Lanifícios de Santa Clara, em 1888. Samina foi o artista urbano que o pintou.
Mistaker Maker
A plataforma produz e promove arte contemporânea, em todas as suas (novas) formas de expressão, e tem por missão estimular informalmente a integração de públicos heterogéneos, reforçar a massa crítica e, não só criar novos produtos artísticos, como acrescentar valor económico, social e cultural. Três anos depois de FIO, e depois de uma nova recolha de memórias, criaram FIO 2 com 3 workshops de bordado sobre fotografia em locais emblemáticos da cidade, como o Café Santa Cruz e o Ateneu, orientados pela iniciativa A Avó Veio Trabalhar, de aprendizagem e partilha através da utilização dos lavores tradicionais e do design. A ideia do projecto foi criar linhas de contacto entre arte, cultura e comunidade, com base nas memórias do trabalho realizado na Fábrica de Lanifícios, que laborou no espaço do Convento São Francisco, hoje espaço multifuncional gerido pela CMC.
A vida da unidade têxtil e as diversas gerações de empreendedores e trabalhadores que por lá passaram serviram de mote ao processo artístico FIO que permitiu descobrir um pouco mais sobre a história do Convento e conferir uma renovada carga emocional ao espaço.
Texto e fotos: Filipa Queiroz