
Comecemos com uma pergunta incendiária: quem é que vive em Coimbra e sofre de coimbrite? Não sabem o que é? Coimbrite é uma patologia que afecta alguns habitantes de Coimbra e que se traduz na capacidade de escolher ver o copo meio vazio e criticar (quase) tudo o que se passa por estas bandas.
Não nos referimos ao exercício saudável (e necessário) de questionar, exigir e lutar por melhorias em várias áreas como as políticas de urbanismo, de atracção de investimento e oferta de emprego, de educação, desporto e ambiente, de apoio às actividades culturais, entre outras. Estamos apenas a falar daquelas conversas corriqueiras de café que acabam, inevitavelmente, com as frases-chave: Em Lisboa é que é. O Porto está brutal.
Tudo certo, não questionamos que Portugal está na moda e as cidades maiores e mais cosmopolitas estão a borbulhar de eventos. Dão a sensação que lá é onde tudo acontece e o resto é paisagem. O dia-a-dia aqui à beira do Mondego é, realmente, mais pacato. Também é mais barato. Tem menos trânsito. Tem escolas e hospitais de excelência e uma qualidade de vida fenomenal.
Comparar Coimbra a Lisboa, ao Porto ou a outra cidade qualquer é um exercício em vão. Não, não temos a mesma oferta nem a mesma movida mas será que quem decide ficar por cá não procura outras coisas? Perguntámos aqui e acolá pelos prazeres triviais do quotidiano e encontrámos 100 razões que nos fazem gostar de viver em Coimbra.
- Ter o rio Mondego aos pés
- Visitar/estudar/trabalhar/conhecer uma das Universidades mais antigas do Mundo: a Universidade de Coimbra
- Poder ir a pé para (quase) todo o lado
- Passear, correr, fazer um piquenique ou brincar no Choupal
- Lanchar uma pizza ou um cachito na Vénus
- Passear no Parque Verde (Parque Manuel Braga)
- Comer uma açorda com jaquinzinhos no Zé Neto
- Tomar café numa esplanada na Portagem num dia de sol
- Pegar na mota e dar a volta à cidade em 15 minutos, subir o Chão do Bispo e ver a cidade
- Ler o jornal nas esplanadas do Gira
- Contemplar a cidade a partir do Penedo da Saudade
- Levar os mais novos ao Portugal dos Pequenitos
- Beber um chocolate quente no Galerias Santa Clara
- Comer uma francesinha no Atenas
- A hora de ponta significar 10/15 minutos a mais nos percursos habituais
- Ter acesso a hospitais e serviços de saúde públicos repletos de profissionais de excelência em todas as especialidades
- Fazer um piquenique em Vale de Canas
- Ir comer uns ossos no Zé Manel dos Ossos
- Pagar pouco para nadar em piscinas municipais
- Ter acesso a ensino público de muita qualidade
- Espreitar os telhados da Alta até ao rio na esplanada do Loggia
- Tomar café no majestoso Café Santa Cruz
- Brincar com os miúdos na Ludoteca da Casa da Cultura
- Beber uma limonada na Casa de Chá, em pleno Jardim da Sereia
- Beber um fino fresquinho no Cartola, a rezar para que um passarinho não esteja mal dos intestinos
- Ir trabalhar para a livraria da Almedina do Estádio
- Ir às compras à Grão Natural
- Curtir a preguiça e ir buscar um frango de churrasco à Churrasqueira da Várzea
- Estudar e tomar algo junto ao vidro do TAGV num dia de chuva
- Levar os miúdos a dar comida aos patos no Parque Verde
- Ver um espectáculo no Convento São Francisco
- Andar em passo rápido no Parque Linear do Vale das Flores, na companhia de dezenas de estranhos (mas familiares) que também fazem por lá os seus passeios
- Ainda ter rendas acessíveis para receber os milhares de estudantes que escolhem a cidade para estudar
- Enfardar pastéis de massa tenra do restaurante Sereia
- Poder dar um salto a Lisboa, ao Porto, a Aveiro e a Leiria, já que estamos no centro – e no meio é que está a virtude
- Acolher o Instituto Pedro Nunes carregadinho de projectos altamente qualificados
- Comer um gelado na rua das gelatarias em Santa Clara
- Provar uma cerveja artesanal da Praxis
- Passear na linha Botânico dos SMTUC (Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra) pelo coração do Jardim Botânico
- Ver a vista do Pátio das Escolas
- Passar pela Alameda das Tílias, visitar a Estufa ou espreitar os peixes da fonte do Jardim Botânico
- Fazer stand up paddle no Verão
- Ter sempre estacionamento em qualquer lado (e, quando é pago, é muito barato)
- Encontrar amigos e conhecidos como quem tropeça numa pedra
- Beber um fino (e não uma imperial) e comer uns tremoços no Tropical
- Passar a Ponte Açude e ver a Universidade enquanto nos interrogamos sobre o milagre de não roçarmos nos espelhos retrovisores dos outros carros
- Estacionar o carro no largo do Convento de Santa Clara-a-Nova e olhar para a cidade
- Comer uma tosta de bacon no Académico
- Saborear o peixe sempre fresco do restaurante Japonês
- Sentir o arrepio na pele ao ouvir os primeiros acordes da Serenata Monumental (quando os estudantes respeitam o silêncio e deixam ouvir!)
- Estar a dois passos de um bom leitão
- Deambular pelo mercado D. Pedro V: senhoras maravilhosas e um ambiente ímpar
- Haver sempre uma boa feira cheia de boas oportunidades para enfeirar: a de artesanato urbano (mensal), a das velharias, a sem regras, a do Bairro Norton de Matos, todas.
- Ouvir o silêncio da Igreja de Santa Cruz, por sinal Panteão Nacional
- Saborear o cabrito grelhado na brasa do D. Elvira ou o tradicional d‘A Taberna
- Pedir vinho ao copo na simpática Vinharia da Sé
- Curtir a vista (e a comida) do Terraço da Alta
- Beber a cerveja de manteiga do Harry Potter no Mocca
- Visitar a Universidade à noite
- Percorrer a Galeria de Zoologia do Museu da Ciência
- Aproveitar o cinema à segunda no TAGV
- Desbundar nas noites na Tabacaria do Teatrão
- Frequentar os encontros na Casa da Esquina
- Descer o Mondego de canoa em noite de lua cheia
- Decidir ir ao cinema 10 minutos antes do filme começar
- Comer filetes de tamboril com arroz de berbigão no Nacional
- Conseguir fazer um roteiro de bares sem pegar no carro
- Engolir um tinto ao som do fado no Diligência
- Ir à Praça beber um copo e encontrar amigos e dois dedos de conversa
- Correr o jardim da Quinta das Lágrimas e contar a história da cidade
- Ouvir uma história na livraria Faz de Conto
- Ter vida de café: sair de casa e ir conversar com amigos nos cafés do costume
- Estar perto da praia
- Ver um bom concerto no Salão Brazil
- Beber um copo no Piano Negro
- Pedir um café com natas no Claustro
- Sair para uma petiscada num dos restaurantes na zona da Rua das Fangas/Quebra Costas (Arcadas, Fangas, Tapas nas Costas)
- Tomar uma bebida no terraço do Passaporte
- Passar o Sábado de manhã na Baixa
- Andar de táxi e pagar sempre o mesmo
- (Ainda!) existirem bares/ cafés sem consumo mínimo
- Gozar um final de tarde a beber minis na varanda do Justiça e Paz
- Poder conhecer uma República estudantil
- Cortar o cabelo com o Carlos Gago (Ilídio Design)
- Ir aos mesmos serviços há muitos anos (costureira, lavandaria, farmácia) onde tratamos as pessoas pelo nome – e também nos chamam pelo nosso
- Andar a pé à noite sem grandes receios
- Comer uns grelhados na Toca do Velhaco
- Continuar a haver mercearias e talhos de bairro
- Parar na esplanada do Quebra Bar a qualquer hora do dia ou da noite, com ou sem música nas escadas
- Pedir uns scones no Chá dos Cinco e acompanhar com qualquer chá de lá
- Almoçar à beira-rio
- Experimentar uma cerveja diferente no Garden
- Caminhar pelos recantos e ruas estreitas da Alta
- Pedir aos estudantes para fazerem uma serenata a quem mais gostamos
- Ter a sorte (?) de ver um estudante nu a tentar recuperar a capa que foi pendurada numa árvore na Rua Larga
- Dar um passeio de barco no Basófias
- Subir ao terraço incrível do hotel Sapientia
- Ir aos bolos e ao rissol de leitão na Conchada às 5h da madrugada
- Não perder a festa do emigra do Aqui Base Tango
- Comprar pão acabado de sair do forno da Padaria dos Olivais ou no Tamoeiro
Texto e foto: Joana Pires Araújo
Coimbrite? Looool Se fosse só o Porto e Lisboa que estão melhores como era há uns 15 anos atrás… Belos tempos em que podia haver orgulho de ser da 3ª melhor capital de distrito do país. Mas entretanto Coimbra foi ultrapassada por todo o Algarve, Aveiro, Braga, Viseu, Funchal, Ponta Delgada, Maia, Matosinhos, Gaia, Vila Franca… E quantas mais não estão a apanhar. O problema não é o Porto ou Lisboa estarem melhor que Coimbra, mas Coimbra ter parado no tempo e se ter fechado na cidade quando estamos num tempo em que para haver sucesso é preciso abrir-se para o mundo.
Gostei de ficar a conhecer o itinerário dos bons sítios de Coimbra. Já entrei em alguns e fiquei satisfeita, no entanto tenho de concordar com o comentário em baixo. Coimbra está ficar um tanto estagnada. Depois melhoramentos não se vêem. o problema do metro da Lousã foi esquecido.Houve uma expansão de bairros novos e o casario da Alta continua à espera, a zona do Solum foi cheia de prédios novos, não se retiveram terrenos para fazer um verdadeiro parque verde,que valorizasse aquela zona. A Câmara a devido tempo deveria negociar com proprietários as áreas necessárias.Bom e muito mais havia a dizer para projectar Coimbra para lá da excelente Universidade.
Sem dúvida por estas razões e ainda mais algumas adoro viver em Coimbra. Sem o caos do trânsito de Porto ou Lisboa ou até Braga, sem o stress das enchentes nos shoppings e cinemas a abarrotar, no estacionamento, temos uma enorme qualidade de vida, sou natural de Coimbra, e felizmente há alguns anos que consegui estar cá a viver, vivi 8 anos no Porto, e não voltava a não ser por motivo de força maior, que stress é lá viver. Obrigado por estas dicas.