Desde o princípio da Humanidade, bem lá atrás, que a lã é usada para proteger e confortar. Nós, portugueses, especialmente na Região Centro, estivemos sempre ligados à cultura da lã por causa da pastorícia. Temos uma longa tradição de saberes e artes da manufactura e tintura, e apesar da morosidade e precisão requeridas pelas técnicas de produção, elas foram sendo preservadas, aprimoradas e até inovadas ao longo dos tempos.
Estela Melo inovou, e só precisou de um tear. As pessoas acham que a lã é para fazer tricô, hoje em dia começa a haver outra visão mas quando comecei diziam-me que o tear não era para trabalhar a lã, ou que não era assim que as avós faziam, mas eu adoro e acima de tudo dá-me muito gozo tecer, explicou-nos Estela no seu ateliê escondido no 1º andar da Casa da Esquina, em Coimbra. À nossa volta, pequenos teares de madeira, mantas, cachecóis, colchas, pufes, velos feltrados, botas, camisolas, quadros, lenços feitos com eco printing . Nos pés o tapete mais fofo de sempre.
A primeira vez que me lembro de teares era pequenita, era normal fazerem-se mantas de trapos, ver a minha avózinha a coser e ir com o meu pai levar-lhe sacadas de novelos, ela tinha um daqueles teares enormes e eu fiquei apaixonada por aquilo. Anos depois, já casada e com filhos e o hábito de costurar e tricotar a própria roupa, Estela Melo aventurou-se num curso do Cearte e abriu-se o precedente, trilhando o caminho para a tecelagem e a criação da própria marca, a Ovelha Mãe. De formação em formação, aprendeu a fiar, feltrar, tingir a lã e até tem as próprias ovelhas.
O tecido pode ser confeccionado de qualquer forma, explicou a artesã, que além de dar formação, inclusive na Casa da Esquina, já fez colecções para estilistas como Filipe Faísca, participa em feiras onde faz demonstrações do ciclo da lã, desde a lavagem à tecelagem, passando pela fiação e tingimento. As peças que vende são únicas e os preços variam, mas garantimos que fica aquém do trabalho que dão e o valor do ingrediente principal: o amor. Partem dos 20€ das pantufas de feltro ou belíssimas echarpes a 45€. É a minha paixão: o toque, o próprio cheiro, eu gosto da lã a cheirar a lã, e nunca fui daquelas pessoas a que tudo pica, para além de que sempre gostei de viver entre o campo e a cidade e isto permite essa ligação ao rústico, mas que pode ser transformado.
Espreitem a página e o Instagram para verem os modelos. Para comprarem ou encomendarem ao vosso gosto basta enviarem um email ou mandarem uma mensagem. Se quiserem passar a mão e sentir as boas energias já sabem, a Ovelha Mãe está lá, no 1º andar daquele que é um dos espaços mais interessantes da cidade.
OVELHA MÃE
Rua Aires de Campos 6, Coimbra
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Contacto: ovelha.mae@sapo.pt