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M de Mãe, a minha ou a tua?

Lara Lima Directora BmQ, Terapeuta e Coach lara@bmqbylaralima.com       Há quem diga que ser Mãe nos faz compreender melhor as nossas Mães. Então por que é que ser Avó, não faz o mesmo na escala evolutiva? Querem a minha opinião? Ser Mãe traz uma parafernália de papéis, regras e coisas que, para uma sociedade […]

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Lara LimaLara Lima
Directora BmQ, Terapeuta e Coach
lara@bmqbylaralima.com

 

 

 

Há quem diga que ser Mãe nos faz compreender melhor as nossas Mães. Então por que é que ser Avó, não faz o mesmo na escala evolutiva? Querem a minha opinião? Ser Mãe traz uma parafernália de papéis, regras e coisas que, para uma sociedade viciada na acumulação de papéis como a nossa, se torna muito difícil de gerir. E, como se isso não bastasse, há ainda que aprender a lidar com aquele pequeno Ser e com toda a equipa que nasceu com ele.

Pois é, quando nasce um pequeno Ser não nasce apenas uma Mãe mas uma explosão de gente, quais Gremlins em contacto com a água. Nasce um Pai, não uma mas duas Avós, dois Avôs e, dependendo da sorte, uma multidão de tios e tias com aspirações a Padrinhos, e todas as promoções inerentes a um conjunto de pessoas com um objectivo comum – conquistar um local de destaque na evolução deste novo projecto, o bebé.

Hoje vamos ficar pelas Avós, as grandes Mães, as Mães das Mães e por isso (dizem elas) as Mães duas vezes. Ser Mãe é como conquistar o topo da carreira, e todos sabemos como é difícil mudar de cargo depois de conquistar o topo, nem que não se trate de uma despromoção mas apenas da reforma. Ser Avó é isso, é a reforma das Mães. Mas a reforma, tão esperada durante 30 anos, não é facilmente aceite quando chega a altura de assinar os papéis, e isso torna tudo mais difícil para a recém promovida Mamã que tem agora duas missões: aprender a Ser Mãe e (pasmem-se!) ensinar as Mães a serem Avós. Por isso repito: há quem diga que ser Mãe nos faz compreender melhor as nossas Mães. Mas, então por que é que ser Avó não faz o mesmo na escala evolutiva?

Não se trata aqui do medo de sentir que as avós nos roubam o protagonismo, mas sim de as fazer entender que o protagonismo delas é, e deve ser agora, de Avó e não de Mãe da Mãe, Mãe do Pai, Mãe da cria, e muito menos Juíz da Mãe da cria. Não se trata do chocolate que dão ao nosso pequeno Ser, do leite, iogurtes, pão ou bolachas que lhe dão à nossa revelia, mas sim do facto de não o fazerem às escondidas, entre olhares cúmplices, mas de forma descarada confrontando, com uma atitude desafiadora, a nossa decisão de não dar. Não, não tenho medo de perder o protagonismo de Mãe, quero apenas que ela aceite o seu protagonismo de Avó, porque cada uma tem seu lugar e o seu papel na vida da criançae o meu pequeno Ser não precisa de mais uma Mãe, mas sim de duas Avós: únicas, afetuosas e inesquecíveis.

Não se trata de negar ou recusar a importância, a sabedoria, a experiência, o afecto ou o carinho da Avó, mas de defender e assumir o meu papel de Mãe. Deixar bem claras as funções e as fronteiras de cada papel, num acordo que tem de ir para além das intenções e pressupostos. Um acordo entre Mães, realizado de forma honesta e frontal, que respeite o papel de cada uma, sem que a mais velha, por se considerar mais experiente, queira tomar conta da situação; e a mais nova, por se considerar new age, não respeite a importância do papel ternurento e cúmplice da avó, e a sua experiência e sabedoria. As linhas que desenham o contrato não são óbvias, nem tão pouco universais ou do senso comum. Elas são, sim, aquilo que funciona para o casal, e que deve ficar claro para as avós, independentemente do número de vezes que se tenha de ler em voz alta o contracto. 

É importante reconhecer que nos encontramos todos nesta roda de aprendizagens colectivas – nós a aprendermos a ser Mãe do Filho, Esposa do Pai, Filha da Avó, Nora da Avó; elas a aprenderem a ser Mãe do Pai, Mãe da Mãe, Avó do Neto; eles a aprenderem a ser Pai do Filho, Marido da Mãe, Filho da Avó, Genro da Avó. Para que estas aprendizagens sejam transmitidas de forma segura ao pequeno Ser, que está a aprender a ser Filho e Neto, há que aprender a partilhar tempos e espaços, estar disponível afectivamente para nos entre ajudarmos nestas aprendizagens com delicadeza, respeito, e não desabilitar Pais e Avós permitindo o crescimento destes papéis com sensibilidade e sem receio de simplesmente Ser.

Acima de tudo, há que aprender a ser Filha da Avó e Avó do Neto ou da Neta, e perceber que a relação Mãe e Filha mudou. Entretanto, aprender a fazer isto com a Mãe Sogra de mão dada com o Filho Pai ou…apresentar este artigo ao companheiro e sugerir: Eu faço isto com a minha e tu com a tua, combinado? Se ele não quiser ler ou não quiser agir? Se ele não se importar assim tanto com o que acontece com a relação do filho ou filha dele com a sua Mãe, ou com como deve ser o meu papel de Mãe em relação à Avó Materna? A minha sugestão é sempre a favor da criança.

Acredito que quanto mais pessoas amarem os meus filhos, e mais eu promover essas relações de amor fraterno, maior será o núcleo de protecção e a rede de apoio deles, fazendo-os sentir mais protegidos, nutridos e felizes (inclusive se em alguma altura eu ou o Pai não podermos estar). Por outro lado, muitos Netos que têm o privilégio de ter um dos Avós por perto, podem passar mais tempo e de maior qualidade com os que, para além de cuidadores, os amam de forma efectiva como os Pais. Independentemente de ser minha ou tua, é nosso papel incentivarmos uma relação de respeito e cumplicidade entre os nossos pequenos Seres e ambas as avós. 

 

 

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